quarta-feira, 16 de julho de 2008

Mundo Novo

Ao ser escolhida para estagiar na Escola Municipal Maria Lúcia fiquei muito feliz, pois havia tempo em que eu estava pedindo a Liliana para me colocar para estagiar numa escola pública.
Fui para lá já preparada para enfrentar desafios, mas quando você se depara com a realidade frente a ti é bem diferente, a estrutura da escola, a atitude dos docentes e dos alunos são totalmente diferentes daquilo que venho vivenciando desde 1º ano aqui no CENSA.
No primeiro dia de estágio me deparei com várias surpresas,uma delas é que os alunos e a professora não falam,eles gritam é uma disputa de quem manda mais na sala.As crianças tem um linguajar e uma mente bem evoluídas e maliciosas para a idade que eles tem,são crianças que enfrentam problemas desde cedo na família como ver pai espancando a mãe,crianças envolvidas em furto,crianças passando fome,passando necessidade,são crianças que realmente precisam de ajuda de pessoas que realmente tem sede de mudar.Neste caso eu minha colega de estágio Regina estávamos ali para fazer a diferença.
Eu iniciei um trabalho com Mayara uma menina que tem necessidades especiais,logo no primeiro dia percebi que as outras crianças sombavam dela por ela ser diferente e ela sempre ficava atrasada nas atividades pois ela sempre se perdia.O lema da secretaria de educação daqui de campos é “ Uma educação que INCLUI” porém pude perceber que incluir a criança na escola é fácil o difícil é o docente integrá-la na turma,requer a essas crianças uma atenção especial,que alguém fique ali ao lado dela incentivando-a a fazer atividades e a aprender.
A turma é composta por 35 crianças,é uma turma heterogênea com apenas uma professora para dar atenção a todos de uma vez só,o que não é possível,nesse caso Mayara era uma dessas crianças,fui acompanhando ela na hora de copiar e fazer as atividades,ensinei a ela as palavrinhas mágicas como:obrigada,dar licença,por favor,pois ela ao pedir as coisas para mim era assim:
-Tia Rhayanne sai da frente ,você está me atrapalhando a ver o quadro.
Eu chegava para ela e falava :
-Eu só vou dar licença a você se você falar a palavrinha mágica.
Ai ela falava,depois de um tempo eu já não precisava mais pedir para ela falar as palavras mágicas,ela sozinha já me pedia .
Assim como ajudei a Mayara,ajudei a outros alunos também,como o Lucas um menino que ao mesmo tempo é um amor e agitadíssimo,ele fazia de tudo para chamar a atenção dos outros alunos,sempre quer mandar mais na sala do que a professora,as outras crianças sempre se espelhavam na maneira agressiva que ele expressava,sendo assim eu e Regina começamos a nos aproximar dele a fim de poder mudar um pouco o jeito dele de ser e aos poucos ele foi mostrando o seu lado amoroso e carinhoso que ele tinha,como Liliana sempre diz “Uma agressão é sempre um pedido e ajuda”.
A realidade da escola é muito “real”para tudo que eu vivia,teve um dia em que simplesmente cheguei ao estágio e cadê a professora?a professora tinha faltado e não avisou a ninguém como eu era a única pessoa que estava ali naquele momento tive que dar aula para as crianças,eu não tinha nada preparado e na hora eu improvisei uma aula bem interessante,de inicio pensei que a aula não ia dar certo,e acabou que amei a aula e as crianças também,elas falaram para mim que fazia muito tempo que elas tinham uma aula em um ambiente diferente,sem ter que copiar do quadro,pois a professora deles sempre quando chega a sala passa uma carreira de exercício no quadro para eles copiarem e acabou nem a matéria ela explica,nesse momento pude perceber que a professora não tem uma bagagem para trabalhar com crianças,confesso que Censa dá as alunos do normal uma bagagem de aprendizado e experiência excelente,mas tenho certeza que ela aprendeu muito comigo assim como eu aprendi com ela.
Enfim foi uma experiência maravilhosa muito proveitosa e espero poder voltar lá para dar estagio de novo e poder ver que deixei pequenas marcas em várias pessoas!
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)
Espero que estejam gostando do blog,pois ele está sendo feito com muita dedicação!Abraços e até a próxima postagem!
Rhayanne Rangel

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